Como a educação mudou minha vida!

Para muitos, a educação foi a possibilidade de superação da condição social familiar. Fiz parte desse grupo e a leitura dos relatos me instigou a destacar algumas falas que me emocionaram ou que me senti bastante identificada.

Gilberto Dimenstein nos disse que a sua possibilidade de voar no mundo vem da educação: “É o que me permite ver longe, o que me permite ver de cima, de lado, de baixo, fazer voos rasantes nos lagos. Para mim, a Educação corresponde às minhas asas”.

Alex Ross destacou a importância da relação com os outros no processo educativo: “Quando nós escutamos uns aos outros, o mundo deixa de ser sobre mim, sobre minha opinião, sobre meus sentimentos”. Já Marina Silva ressalta que teve o privilégio de ter uma educação não formal rica e valorosa. Mas afirma que a educação formal “ampliou meu olhar e minha escuta, aguçou o desejo de aprender e o prazer de ensinar”.

Um professor especial foi muitas vezes destacado, como quando Alice Ruiz conta que ganhou seu primeiro livro de uma professora de história: “Descobri o mundo e virei uma leitora voraz… eles (professores) me ensinaram algo muito importante: gostar de aprender”. Ou quando Betty Milan enfatiza que a educação muda a vida desde que encontremos nossos mestres.

O relato sobre os professores que mais me surpreendeu foi de Francisco Bosco, que descreveu um professor que foi decisivo em sua vida logo que entrou na faculdade: “Nunca me esqueci dessa figura que dava aulas arrebatadoras. Eu quase nunca entendia do que se tratava, mas sentia que valia a pena dedicar a minha vida a conseguir chegar àquele arrebatamento. Desde então, passei a ter como espelho a figura do professor arrebatador. Não faço ideia de que matéria ele ensinava. Era professor da vida, como todo bom professor”.

Os livros foram fundamentais para muitas pessoas como Ferrez, que relata que a educação lhe trouxe a literatura e a cultura que revolucionaram sua vida; ou para Marta Medeiros que, ao falar de sua escola, destaca que “foi lá que conheci Monteiro Lobato, aprendi a ter curiosidade sobre o mundo”.

Miltou Hatoum, no Colégio Estadual do Amazonas, aprendeu “a ler romances fundamentais para minha experiência de leitor e, vários anos depois, para o trabalho como escritor”. Lya Luft também destaca a educação formal como espinha dorsal para a leitura: “Leituras, vivências, inquietação do espírito dão a forma, fornecem asas e botas de sete léguas”.

Em muitos relatos, especialmente dos intelectuais destacados das nossas universidades, a educação e os estudos só adquiriram sentido quando entraram na universidade e foi essa experiência que transformou radicalmente suas vidas e o rumo que tomaram a partir de então. Cadão Volpato assinala: “Quanto à universidade, bem, esse foi outro planeta. E o melhor da vida estava lá, nesse planeta distante”.

Como várias pessoas, no meu relato destaco a importância que meus pais tiveram na minha educação ao me proporcionar não apenas frequência a boas escolas como também um ambiente de descobertas culturais, sociais e políticas.

Em relação à escola, destaco minha experiência no antigo ginásio onde, por meio de uma metodologia experimental que estimulava a pesquisa, os trabalhos em grupos e os projetos coletivos, pude vivenciar espaços de criação e participação.

Entrar no curso de Ciências Sociais da USP (Universidade de São Paulo) também foi uma etapa decisiva na minha vida, pois aprofundou e consolidou minha visão de mundo e meu compromisso com o Brasil e a justiça social.


Neca Setubal
http://www.necasetubal.com.br/como-a-educacao-mudou-minha-vida/ 

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