O futebol é um dos esportes mais populares do mundo e é praticado em
centenas de países. A atração pelo futebol pode ser explicada pela sua
fórmula de disputa e também por sua imprevisibilidade. No Brasil essa
paixão é muito grande, já que nosso país tem uma grande tradição no
esporte, sendo o recordista de títulos na Copa do Mundo (cinco ao todo),
competição disputada a cada quatro anos com as melhores seleções de
futebol dos cinco continentes do planeta.
Mas não somente a hegemonia brasileira pode servir para explicar a
paixão do povo brasileiro pelo esporte, pois mesmo antes de conquistar o
tricampeonato, na Copa de 70,
o futebol já era uma grande paixão. Sem falar do desastre na Copa de
50, quando a seleção brasileira perdeu em pleno Maracanã – estádio
construído no Rio de Janeiro justamente para receber a decisão da
competição – para os uruguaios, ocasionando uma angústia muito grande no
público que lotou as arquibancadas.
Para tentar explicar essa paixão do brasileiro pelo futebol, alguns
profissionais das áreas de ciências humanas, biológicas e exatas
lançaram suas teses. Geógrafos, historiadores e sociólogos também
levantam a cada ano novas teorias a respeito do futebol, e como ele se
tornou o ícone do Brasil no exterior.
Talvez a tese mais antiga seja da década de 1930, do antropólogo e sociólogo pernambucano Gilberto Freyre,
que falava do talento do brasileiro para praticar o esporte. Segundo
Freyre, a miscigenação entre negros, europeus e índios poderia ser a
resposta para o questionamento sobre a superioridade do Brasil no
esporte. No entanto, anos depois, com a globalização e a mistura entre
as raças, a tese de Freyre não explica mais o fato de o Brasil dominar o
esporte.
A socióloga Fátima Antunes se apoiou na obra de Gilberto Freyre, “Casa Grande & Senzala”,
em sua tese de doutorado e discordou da ideia do antropólogo sobre a
miscigenação racial e o talento do brasileiro para o esporte. Segundo
ela em sua obra, “Com Brasileiro, não há quem possa!”, o futebol é uma manifestação do povo brasileiro:
“Prefiro pensar no futebol com uma manifestação cultural. Nossa sociedade é aberta e, desde o início, houve uma grande aceitação do imigrante estrangeiro”.
Mesmo diante de tantas teses para o surgimento ou manutenção da
paixão do brasileiro, é inegável o talento do Brasil para o esporte, é
uma espécie de herança, que vem desde os primórdios do futebol, quando
este ainda era elemento da elite, mas já atraia multidões aos estádios. Pessoas de todas as classes ou raças se reuniam naquele momento, em busca de uma diversão em comum. Herança sim, já que desde os anos 10, craques como Artur Friedenreich, que alguns dizem ter chegado à marca de mil gols, eram ídolos das crianças e também dos adultos no Brasil.
O futebol também já foi e ainda é utilizado na política. O primeiro a perceber a força deste esporte foi Getúlio Vargas,
que foi presidente do Brasil por duas vezes: entre os anos de 1930 e
1945, no primeiro mandato, e posteriormente governou o país entre 1951 e
1954. Getúlio apoiava a profissionalização do futebol, para que as
vitórias e conquistas dentro de campo também fossem conquistas da
pátria. No entanto, essa paixão ficou seriamente abalada em 1950, no
“Maracanazzo”, com a derrota brasileira dentro de casa.
Mas como diria o ditado, “há males na vida que vem para o bem”, e o
vice-campeonato brasileiro proporcionou uma mudança drástica nos rumos
do futebol nacional. No livro “As Melhores Seleções Brasileiras de Todos os Tempos”,
Milton Leite fala do triunfo brasileiro na Copa de 1958, na Suécia,
relacionando o feito com o profissionalismo no esporte que começou após a
derrota na Copa de 50.
Posteriormente, o futebol se solidificou como uma verdadeira paixão
nacional e ainda hoje move multidões para os estádios, na frente da
televisão, internet ou com o radinho colado ao ouvido.
Fonte: http://www.feedbackmag.com.br/por-que-o-futebol-e-tao-popular-no-brasil/