Neste último dia 21 de Abril os alunos do 1ª Série do Ensino Médio do INTELECTUAL visitaram as instalações da Fábrica do Café Santa Clara. Orientados pelo Prof. Welerson Costa, a equipe ICC foi recebida pela jovem estagiária Milena (RH) que apresentou aos alunos o museu do café que contava com uma sala de maquetes das unidades da indústria, máquinas de torrefação e também um show room com cerca de 5.000 xícaras de café, inclusive duas dessas banhadas a ouro! Espetacular! Em função das fortes chuvas não foi possível visitar o processo de produção do café da torra até a embalagem, o que ficou para uma outra oportunidade.
A HISTÓRIA DO CAFÉ SANTA CLARA
O encontro com a primeira xícara de café. A história de Santa Clara começa em 1959, na cidade de São Miguel, interior do Rio Grande do Norte. Nesse ano, João Alves de Lima, um nordestino disposto a levar progresso à sua terra natal, começou a vender grãos crus de café de porta em porta. Com o tempo, Seu João passou a vender o café já torrado e moído, conquistando a clientela da região.
A produção de café no Brasil é responsável por cerca de um terço da produção mundial de café,[1] o que faz o país ser de longe o maior produtor - uma posição mantida nos últimos 150 anos.[2] [3] Em 2012 foram produzidas 50 milhões de sacas, totalizando 3 milhões de toneladas[4] . Em 2009 foram produzidas 2368 milhões de toneladas[5] ou 2440, de acordo com dados consolidados da FAO[6] . Em 2007 cerca de 70% da produção foi de café arábica[7] , no entanto, apenas 4,26% do café exportado em 2009 foi do tipo robusta[8] . Apesar de o Brasil ser o maior produtor mundial, o mercado global não é dominado apenas por empresas brasileiras. O Brasil é também, o maior exportador do mundo.
Introdução do cultivo e primórdios da cultura (1727-1850)
O cafeeiro não é nativo das Américas e sim das estepes da Etiópia, por isso ele deve ter sido artificialmente introduzido no Brasil. O primeiro pé de café teria sido plantado no estado do Pará, em 1729.
De acordo com a lenda, o governador do Brasil estaria procurando tomar uma parcela do mercado de café e teria enviado Lt. Col. Francisco de Melo Palheta para que roubasse sementes da Guiana Francesa, sob o pretexto de mediar uma disputa de fronteiras. Em vez de tentar penetrar nas fortemente guardadas fazendas de café, Palheta usou seu charme pessoal para persuadir a Primeira Dama. Incapaz de resistir ela deu a ele uma muda da planta num jantar de Estado na sua despedida antes de voltar para o Brasil.
O café apenas passa a ter importância nos mercados internacionais no correr do século XVIII, em que se transforma no principal alimento de luxo nos países do Ocidente, e é esse fato que estimula a sua cultura nas colônias tropicais da América e da Ásia. No entanto, o Brasil entra apenas tardiamente na lista dos grandes produtores, como explica Caio Prado Jr.:
"Apesar de sua relativa antiguidade no país, a cultura do café não representa nada de apreciável até os primeiros anos do século [XIX]. Disseminara-se largamente no país, do Pará a Santa Catarina, do litoral até o alto interior (Goiás); mas apesar dessa larga área de difusão geográfica, o cafeeiro tem uma expressão mínima no balanço da economia brasileira. Sua cultura, aliás, destina-se mais ao consumo doméstico das fazendas e propriedades em que se encontra. Comercialmente seu valor é quase nulo."[12]
Devido à diversidade de regiões ocupadas pela cultura do café, o País produz tipos variados do produto, fato que possibilita atender às diferentes demandas mundiais, referentes ao paladar e até aos preços. Essa diversidade também permite o desenvolvimento dos mais variados blends, tendo como base o café de terreiro ou natural, o despolpado, o descascado, o de bebida suave, os ácidos, os encorpados, além de cafés aromáticos, especiais e de outras características.
O setor cafeeiro conta com o Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), criado pelo Decreto-Lei nº 2.295/86 e estruturado pelo Decreto nº 94.874/87, que se destina ao desenvolvimento de pesquisas, ao incentivo à produtividade e à competitividade dos setores produtivos, à qualificação da mão de obra e à publicidade e promoção dos cafés brasileiros, nos mercados interno e externo, priorizando as linhas de financiamento para custeio, colheita, estocagem e aquisição de café, entre outros instrumentos de política agrícola.
Em parceira com este Ministério, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), por intermédio da unidade Embrapa Café, coordena o Consórcio Pesquisa Café, o qual tem como objetivo o desenvolvimento de tecnologias que promovam sustentabilidade, competitividade, inovação e desenvolvimento tecnológico da cafeicultura brasileira.
Em 2015 foram disponibilizadas linhas de crédito para financiamento do setor cafeeiro, com recursos do Funcafé de até R$ 4,136 bilhões: Custeio - R$ 950 milhões, Estocagem - R$ 1,56 bilhão, Aquisição de Café (FAC) - R$ 750 milhões, Contratos de Opções e de Operações em Mercados Futuros - R$ 10 milhões, Capital de Giro para Indústria de Café Solúvel - R$ 200 milhões, Capital de Giro para Indústria de Torrefação - R$ 300 milhões, Capital de Giro para Cooperativa de Produção - R$ 400 milhões, e Recuperação de Cafezais Danificados - R$ 20 milhões. Os beneficiários dessas linhas são produtores, cooperativas, indústrias torrefadoras e de café solúvel, beneficiadores e exportadores.
Café no Brasil
O Brasil, maior produtor e exportador mundial de café, e segundo maior consumidor do produto, apresenta, atualmente, um parque cafeeiro estimado em 2,25 milhões de hectares. São cerca de 287 mil produtores, predominando mini e pequenos, em aproximadamente 1.900 municípios, que, fazendo parte de associações e cooperativas, distribuem-se em 15 Estados: Acre, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rondônia e São Paulo. Com dimensões continentais, o país possui uma variedade de climas, relevos, altitudes e latitudes que permitem a produção de uma ampla gama de tipos e qualidades de cafés.
A cafeicultura brasileira é uma das mais exigentes do mundo em relação a questões sociais e ambientais, havendo uma preocupação em garantir a produção de um café sustentável. A atividade cafeeira é desenvolvida com base em rígidas legislações trabalhistas e ambientais. São leis que respeitam a biodiversidade e todas as pessoas envolvidas na cafeicultura e pune rigorosamente qualquer tipo de trabalho escravo e/ou infantil nas lavouras. As leis brasileiras estão entre as mais rigorosas entre os países produtores de café.
Os produtores brasileiros preservam florestas e fauna nativa, controlam a erosão e protegem as fontes de água. A busca do equilíbrio ambiental entre flora, fauna e o café é uma constante e assegura a preservação de uma das maiores biodiversidades do mundo.
Atualmente, o café é fonte imprescindível de receita para centenas de municípios, além de ser o principal gerador de postos de trabalho na agropecuária nacional. Os expressivos desempenhos da exportação e do consumo interno de café implicam na sustentabilidade econômica do produtor e de sua atividade.
Ano a ano aumentam os investimentos em certificações, que promovem a preservação ambiental, melhores condições de vida para os trabalhadores, melhor aproveitamento das terras, além de técnicas gerenciais mais eficientes das propriedades, com uso racional de recursos. O volume expressivo de cafés sustentáveis produzidos anualmente e a alta qualidade e diversidade das safras brasileiras fazem do Brasil um fornecedor confiável e capaz de atender às necessidades dos compradores internacionais mais exigentes.
Números
O Brasil, em 2015, manteve sua posição de maior produtor e exportador mundial de café e de segundo maior consumidor do produto. A safra alcançou 43,24 milhões de sacas de 60 kg de café beneficiado. O cultivo majoritariamente está presente nos Estados de Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Bahia, Rondônia, Paraná e Goiás, que correspondem a cerca de 98,65% da produção nacional. Outros Estados produtores respondem por 1,35% da safra: Acre, Ceará, Pernambuco, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal, Pará, Mato Grosso e Rio de Janeiro.
A produção de café arábica foi de 32,05 milhões de sacas e de 11,19 milhões de café conilon, com uma área plantada de 2,25 milhões de hectares e uma produtividade estimada de 22,49 sacas por hectare, de acordo com o levantamento da Conab divulgado no mês de dezembro de 2015.
De janeiro a dezembro de 2015, o café representou 7% das exportações do agronegócio brasileiro, ocupando a 5ª posição no ranking, com receita de US$ 6,16 bilhões, o equivalente a 37,1 milhões de sacas de 60kg. Os principais destinos foram os Estados Unidos, Alemanha, Itália, Japão e Bélgica.
Emprego
A cadeia produtiva de café é responsável pela geração de mais de oito milhões de empregos no país, proporcionando renda, acesso à saúde e à educação para os trabalhadores e suas famílias. Em algumas regiões cafeeiras, programas de inclusão digital capacitam jovens e adultos, ensinando noções básicas de computação e acesso à Internet.
História
Conta uma lenda que, por volta do ano 800, um pastor da Abissínia (atual Etiópia) resolveu levar até um monge o fruto de uma planta que, segundo ele, deixava o rebanho alegre e bem disposto quando a ingeria. O monge experimentou uma infusão daqueles frutos amarelo-avermelhados e percebeu que realmente o ajudava a ficar mais tempo acordado durante as suas meditações. O conhecimento do efeito do café chegou então ao Norte da África e entrou no mundo árabe em meados do século XV.
Apesar dos árabes terem tomado medidas para manter o monopólio da produção de café, os holandeses conseguiram contrabandear os frutos frescos para as suas colônias asiáticas (Java, Ceilão e Sumatra) e, depois, para as Antilhas Holandesas, na América Central. Na Europa, inicialmente, era consumido como remédio para combater vários males. Só a partir do século XVII começou a ser adotado como bebida.
O café é sinônimo de progresso e ocupa uma parte muito importante na história do Brasil. E foi no século XVIII (1727) que entrou no país, pelo Pará, e adaptou-se facilmente ao clima brasileiro e instalou o seu reinado. Em 1830, o café já era o principal produto brasileiro de exportação.
Uma curiosidade é que as grandes plantações brasileiras surgiram de um único pé. Um cafeeiro de Amsterdã deu origem aos primeiros cafés plantados no Suriname, na Guiana e no Brasil. Um cafeeiro carioca também iniciou a produção nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. Uma única planta de Jundiaí, interior de São Paulo, originou os cafezais de Campinas e regiões circunvizinhas. Os primeiros cafezais brasileiros foram, portanto, descendentes de uma única espécie, a Coffea arabica L. (café arábica). Foi apenas na década de 80 que a espécie Coffea canephora (café robusta ou conilon) passou a fazer parte da pauta de produção brasileira.
Tipos de café
O Brasil tem condições climáticas que favorecem o cultivo do café em 15 regiões produtoras. Essa diversidade garante cafés variados de Norte a Sul do País.
Diante de diversos climas, altitudes e tipos de solo, os produtores brasileiros obtêm variados padrões de qualidades e aromas, entre as duas espécies cultivadas, o café arábica e o café robusta, os quais apresentam uma grande variedade de linhagens.
O café arábica (Coffea arabica L.) permite ao consumidor degustar um produto mais fino, requintado e de melhor qualidade. Originalmente produzido no oriente, este tipo de café é cultivado em altitudes acima de 800m. Predomina nas lavouras de Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Bahia, Rio de Janeiro e em parte do Espírito Santo.O café robusta ou conilon (Coffea Canephora) é usado para a fabricação de cafés solúveis e apresenta um sabor único, menos acidez e teor de cafeína maior. Predomina nas lavouras do Espírito Santo, em Rondônia e em parte da Bahia e de Minas Gerais.
O Brasil desenvolve o maior programa mundial de pesquisas em café. Avanços significativos da cafeicultura brasileira estão relacionados a pesados investimentos em pesquisas em áreas importantes, como o melhoramento genético, biotecnologia e manejo de pragas, desenvolvidas anualmente pelo Consórcio Pesquisa Café, rede integrada de instituições brasileiras de pesquisa.
O Consórcio contempla cerca de 45 instituições de ensino, pesquisa e extensão rural para fomentar a pesquisa cafeeira no país e promove o maior programa de pesquisa de café do mundo. Contando com investimentos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), além de outras fontes federais e estaduais, o Consórcio Pesquisa Café, em 17 anos, executou cerca de 4.500 planos de ações de pesquisa nas mais diversas etapas da cadeia produtiva do café. A transferência da tecnologia gerada e a organização das informações acumuladas também são prioridades do Programa de Pesquisa, fazendo com que os resultados alcancem o setor produtivo e sejam percebidos pelos consumidores em geral.
A evolução da cafeicultura brasileira demonstra a importância dos trabalhos de pesquisas, concentradas nas áreas de melhoramento genético, biotecnologia, segurança alimentar, otimização do sistema produtivo, manejo integrado de pragas e doenças, cafeicultura irrigada, zoneamento climático, colheita e pós-colheita, aperfeiçoamento de processos e desenvolvimento de equipamentos. Entre as principais tecnologias desenvolvidas pelo Consórcio, destacam-se:
• Desenvolvimento de 31 variedades de cultivares de alta produtividade e resistência às principais pragas e doenças do cafeeiro;
• Sequenciamento do genoma café;
• Biofábricas;
• Sistema de produção de café irrigado;
• Adubação fosfatada;
• Poda programa do café Conilon;
• Sistema para Limpeza de Águas Residuárias (SLAR);
• Tecnologias para preparo, secagem e armazenamento de grãos;
• Geotecnologias na cafeicultura;
• Alerta Geadas;
• Programa Café Seguro; e,
• Programa Treino e visita.
Mais informações
www.consorciopesquisacafe.com.br
E esse início tardio da produção de café para exportação se explica pela mineração no séc. XVIII, pois é apenas no fim desse século que vemos um "renascimento" agrícola no País, e durante esse período o açúcar ainda gozava da preferência dos agricultores. É somente com a "decadência das lavouras tradicionais" (cana-de-açúcar, algodão e tabaco), [que] vemos um "deslocamento da primazia econômica", do Nordeste para o Sudeste . Outro fator que estimulou a produção de café brasileiro foi a independência dos Estados Unidos que fez com que aquela crescente nação evitasse a todo custo comprar produtos da sua antiga metrópole (os principais produtores no séc XVIII eram as colônias asiáticas inglesas e holandesas).
A indústria cafeeira dependia do trabalho escravo e na primeira metade do séc. XIX 1.5 milhão de escravos foram importados para o Brasil a fim de suprir as necessidades das plantações no Sudeste. Com a proibição do tráfico externo em 1850, os cafeicultores passaram progressivamente a contar com mão-de-obra imigrante européia nas fazendas.[14]
Ciclo de 1857-68
Durante todo o séc. XIX a produção brasileira se deu num contexto de mercado livre, com os preços flutuando "sem apresentar qualquer tendência", sendo explicados em boa parte pelo movimento dos níveis gerais de preços, e mostrando um comportamento oscilatório devido a descompassos entre oferta e demanda[15] .
Em meados do século o Brasil já era o maior produtor mundial. Depois da Crise de 1857, os preços começam a subir graças à recuperação da demanda européia e a limitações na oferta graças aos estragos na lavoura provocados pela mariposa-do-café e pelo encarecimento da mão de obra escrava, principalmente no Rio de Janeiro. Adicionada à estabilidade cambial do período, os altos preços incentivaram a expansão das lavouras.
Oeste Velho e Novo Oeste Paulista
Foi na região do Vale do Paraíba que o café estabeleceu-se como forte produto da cadeia exportadora nacional, tornando o grão o principal produto exportado pelo país. Todavia, já nos idos de 1850, o esgotamento das áreas e a perda da fertilidade do solo, fez a produção expandir-se à região oeste do Rio de Janeiro, no Estado de São Paulo. As principais cidades dessa nova área de expansão foram Campinas, Limeira, Bragança Paulista e Amparo que, por muitos anos, foram as maiores produtoras nacionais. A denominação Oeste Velho advém dos fatos de tratar-se da primeira região expandida após o Vale do Paraíba paulista, bem como por conciliar estruturas agrário-sociais da área anterior com as das áreas paulistas mais à oeste. Conviveu com o trabalho escravo e do imigrante assalariado; seus fazendeiros possuíam uma mentalidade intermediária entre a Aristocracia cafeeira e a Burguesia do Café, a última predominante no Novo Oeste paulista, que tem na cidade de Ribeirão Preto sua maior exemplar.
Convênio de Taubaté
Durante o advento da República Velha, mais especificamente da "República Oligárquica", iniciada em 1894, o café já era o principal produto de comércio de exterior do país, garantido grande recebimento de divisas. Mas as dificuldades de comercialização, principalmente a partir da Crise de 1893 que atingiu severamente os Estados Unidos,um dos maiores consumidores, levaram a que fazendeiros e produtores recorressem à intervenção do governo federal, o que foi formalizada com o Convênio de Taubaté assinado em 1906 com os governadores de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Com essa medida, o governo federal passou a agir diretamente no mercado de café e assegurava o apoio político e financeiro dos governadores das regiões produtoras. Essa intervenção do Estado em prol de uma classe de produtores rurais, aumentou no país a "concentração de renda" [16] e atrasou o desenvolvimento de outros setores, como o industrial, além de adiar o fim do "ciclo do café", que ocorreria apenas com a Revolução de 30. Posteriormente, o plantio de café se expandiu para o norte do Paraná por volta dos anos 50.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Produ%C3%A7%C3%A3o_de_caf%C3%A9_no_Brasil
Introdução do cultivo e primórdios da cultura (1727-1850)
O cafeeiro não é nativo das Américas e sim das estepes da Etiópia, por isso ele deve ter sido artificialmente introduzido no Brasil. O primeiro pé de café teria sido plantado no estado do Pará, em 1729.
De acordo com a lenda, o governador do Brasil estaria procurando tomar uma parcela do mercado de café e teria enviado Lt. Col. Francisco de Melo Palheta para que roubasse sementes da Guiana Francesa, sob o pretexto de mediar uma disputa de fronteiras. Em vez de tentar penetrar nas fortemente guardadas fazendas de café, Palheta usou seu charme pessoal para persuadir a Primeira Dama. Incapaz de resistir ela deu a ele uma muda da planta num jantar de Estado na sua despedida antes de voltar para o Brasil.
O café apenas passa a ter importância nos mercados internacionais no correr do século XVIII, em que se transforma no principal alimento de luxo nos países do Ocidente, e é esse fato que estimula a sua cultura nas colônias tropicais da América e da Ásia. No entanto, o Brasil entra apenas tardiamente na lista dos grandes produtores, como explica Caio Prado Jr.:
"Apesar de sua relativa antiguidade no país, a cultura do café não representa nada de apreciável até os primeiros anos do século [XIX]. Disseminara-se largamente no país, do Pará a Santa Catarina, do litoral até o alto interior (Goiás); mas apesar dessa larga área de difusão geográfica, o cafeeiro tem uma expressão mínima no balanço da economia brasileira. Sua cultura, aliás, destina-se mais ao consumo doméstico das fazendas e propriedades em que se encontra. Comercialmente seu valor é quase nulo."[12]
Devido à diversidade de regiões ocupadas pela cultura do café, o País produz tipos variados do produto, fato que possibilita atender às diferentes demandas mundiais, referentes ao paladar e até aos preços. Essa diversidade também permite o desenvolvimento dos mais variados blends, tendo como base o café de terreiro ou natural, o despolpado, o descascado, o de bebida suave, os ácidos, os encorpados, além de cafés aromáticos, especiais e de outras características.
O setor cafeeiro conta com o Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), criado pelo Decreto-Lei nº 2.295/86 e estruturado pelo Decreto nº 94.874/87, que se destina ao desenvolvimento de pesquisas, ao incentivo à produtividade e à competitividade dos setores produtivos, à qualificação da mão de obra e à publicidade e promoção dos cafés brasileiros, nos mercados interno e externo, priorizando as linhas de financiamento para custeio, colheita, estocagem e aquisição de café, entre outros instrumentos de política agrícola.
Em parceira com este Ministério, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), por intermédio da unidade Embrapa Café, coordena o Consórcio Pesquisa Café, o qual tem como objetivo o desenvolvimento de tecnologias que promovam sustentabilidade, competitividade, inovação e desenvolvimento tecnológico da cafeicultura brasileira.
Em 2015 foram disponibilizadas linhas de crédito para financiamento do setor cafeeiro, com recursos do Funcafé de até R$ 4,136 bilhões: Custeio - R$ 950 milhões, Estocagem - R$ 1,56 bilhão, Aquisição de Café (FAC) - R$ 750 milhões, Contratos de Opções e de Operações em Mercados Futuros - R$ 10 milhões, Capital de Giro para Indústria de Café Solúvel - R$ 200 milhões, Capital de Giro para Indústria de Torrefação - R$ 300 milhões, Capital de Giro para Cooperativa de Produção - R$ 400 milhões, e Recuperação de Cafezais Danificados - R$ 20 milhões. Os beneficiários dessas linhas são produtores, cooperativas, indústrias torrefadoras e de café solúvel, beneficiadores e exportadores.
Café no Brasil
O Brasil, maior produtor e exportador mundial de café, e segundo maior consumidor do produto, apresenta, atualmente, um parque cafeeiro estimado em 2,25 milhões de hectares. São cerca de 287 mil produtores, predominando mini e pequenos, em aproximadamente 1.900 municípios, que, fazendo parte de associações e cooperativas, distribuem-se em 15 Estados: Acre, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rondônia e São Paulo. Com dimensões continentais, o país possui uma variedade de climas, relevos, altitudes e latitudes que permitem a produção de uma ampla gama de tipos e qualidades de cafés.
A cafeicultura brasileira é uma das mais exigentes do mundo em relação a questões sociais e ambientais, havendo uma preocupação em garantir a produção de um café sustentável. A atividade cafeeira é desenvolvida com base em rígidas legislações trabalhistas e ambientais. São leis que respeitam a biodiversidade e todas as pessoas envolvidas na cafeicultura e pune rigorosamente qualquer tipo de trabalho escravo e/ou infantil nas lavouras. As leis brasileiras estão entre as mais rigorosas entre os países produtores de café.
Os produtores brasileiros preservam florestas e fauna nativa, controlam a erosão e protegem as fontes de água. A busca do equilíbrio ambiental entre flora, fauna e o café é uma constante e assegura a preservação de uma das maiores biodiversidades do mundo.
Atualmente, o café é fonte imprescindível de receita para centenas de municípios, além de ser o principal gerador de postos de trabalho na agropecuária nacional. Os expressivos desempenhos da exportação e do consumo interno de café implicam na sustentabilidade econômica do produtor e de sua atividade.
Ano a ano aumentam os investimentos em certificações, que promovem a preservação ambiental, melhores condições de vida para os trabalhadores, melhor aproveitamento das terras, além de técnicas gerenciais mais eficientes das propriedades, com uso racional de recursos. O volume expressivo de cafés sustentáveis produzidos anualmente e a alta qualidade e diversidade das safras brasileiras fazem do Brasil um fornecedor confiável e capaz de atender às necessidades dos compradores internacionais mais exigentes.
Números
O Brasil, em 2015, manteve sua posição de maior produtor e exportador mundial de café e de segundo maior consumidor do produto. A safra alcançou 43,24 milhões de sacas de 60 kg de café beneficiado. O cultivo majoritariamente está presente nos Estados de Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Bahia, Rondônia, Paraná e Goiás, que correspondem a cerca de 98,65% da produção nacional. Outros Estados produtores respondem por 1,35% da safra: Acre, Ceará, Pernambuco, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal, Pará, Mato Grosso e Rio de Janeiro.
A produção de café arábica foi de 32,05 milhões de sacas e de 11,19 milhões de café conilon, com uma área plantada de 2,25 milhões de hectares e uma produtividade estimada de 22,49 sacas por hectare, de acordo com o levantamento da Conab divulgado no mês de dezembro de 2015.
De janeiro a dezembro de 2015, o café representou 7% das exportações do agronegócio brasileiro, ocupando a 5ª posição no ranking, com receita de US$ 6,16 bilhões, o equivalente a 37,1 milhões de sacas de 60kg. Os principais destinos foram os Estados Unidos, Alemanha, Itália, Japão e Bélgica.
Emprego
A cadeia produtiva de café é responsável pela geração de mais de oito milhões de empregos no país, proporcionando renda, acesso à saúde e à educação para os trabalhadores e suas famílias. Em algumas regiões cafeeiras, programas de inclusão digital capacitam jovens e adultos, ensinando noções básicas de computação e acesso à Internet.
História
Conta uma lenda que, por volta do ano 800, um pastor da Abissínia (atual Etiópia) resolveu levar até um monge o fruto de uma planta que, segundo ele, deixava o rebanho alegre e bem disposto quando a ingeria. O monge experimentou uma infusão daqueles frutos amarelo-avermelhados e percebeu que realmente o ajudava a ficar mais tempo acordado durante as suas meditações. O conhecimento do efeito do café chegou então ao Norte da África e entrou no mundo árabe em meados do século XV.
Apesar dos árabes terem tomado medidas para manter o monopólio da produção de café, os holandeses conseguiram contrabandear os frutos frescos para as suas colônias asiáticas (Java, Ceilão e Sumatra) e, depois, para as Antilhas Holandesas, na América Central. Na Europa, inicialmente, era consumido como remédio para combater vários males. Só a partir do século XVII começou a ser adotado como bebida.
O café é sinônimo de progresso e ocupa uma parte muito importante na história do Brasil. E foi no século XVIII (1727) que entrou no país, pelo Pará, e adaptou-se facilmente ao clima brasileiro e instalou o seu reinado. Em 1830, o café já era o principal produto brasileiro de exportação.
Uma curiosidade é que as grandes plantações brasileiras surgiram de um único pé. Um cafeeiro de Amsterdã deu origem aos primeiros cafés plantados no Suriname, na Guiana e no Brasil. Um cafeeiro carioca também iniciou a produção nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. Uma única planta de Jundiaí, interior de São Paulo, originou os cafezais de Campinas e regiões circunvizinhas. Os primeiros cafezais brasileiros foram, portanto, descendentes de uma única espécie, a Coffea arabica L. (café arábica). Foi apenas na década de 80 que a espécie Coffea canephora (café robusta ou conilon) passou a fazer parte da pauta de produção brasileira.
Tipos de café
O Brasil tem condições climáticas que favorecem o cultivo do café em 15 regiões produtoras. Essa diversidade garante cafés variados de Norte a Sul do País.
Diante de diversos climas, altitudes e tipos de solo, os produtores brasileiros obtêm variados padrões de qualidades e aromas, entre as duas espécies cultivadas, o café arábica e o café robusta, os quais apresentam uma grande variedade de linhagens.
O Brasil desenvolve o maior programa mundial de pesquisas em café. Avanços significativos da cafeicultura brasileira estão relacionados a pesados investimentos em pesquisas em áreas importantes, como o melhoramento genético, biotecnologia e manejo de pragas, desenvolvidas anualmente pelo Consórcio Pesquisa Café, rede integrada de instituições brasileiras de pesquisa.
O Consórcio contempla cerca de 45 instituições de ensino, pesquisa e extensão rural para fomentar a pesquisa cafeeira no país e promove o maior programa de pesquisa de café do mundo. Contando com investimentos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), além de outras fontes federais e estaduais, o Consórcio Pesquisa Café, em 17 anos, executou cerca de 4.500 planos de ações de pesquisa nas mais diversas etapas da cadeia produtiva do café. A transferência da tecnologia gerada e a organização das informações acumuladas também são prioridades do Programa de Pesquisa, fazendo com que os resultados alcancem o setor produtivo e sejam percebidos pelos consumidores em geral.
A evolução da cafeicultura brasileira demonstra a importância dos trabalhos de pesquisas, concentradas nas áreas de melhoramento genético, biotecnologia, segurança alimentar, otimização do sistema produtivo, manejo integrado de pragas e doenças, cafeicultura irrigada, zoneamento climático, colheita e pós-colheita, aperfeiçoamento de processos e desenvolvimento de equipamentos. Entre as principais tecnologias desenvolvidas pelo Consórcio, destacam-se:
• Desenvolvimento de 31 variedades de cultivares de alta produtividade e resistência às principais pragas e doenças do cafeeiro;
• Sequenciamento do genoma café;
• Biofábricas;
• Sistema de produção de café irrigado;
• Adubação fosfatada;
• Poda programa do café Conilon;
• Sistema para Limpeza de Águas Residuárias (SLAR);
• Tecnologias para preparo, secagem e armazenamento de grãos;
• Geotecnologias na cafeicultura;
• Alerta Geadas;
• Programa Café Seguro; e,
• Programa Treino e visita.
Mais informações
www.consorciopesquisacafe.com.br
E esse início tardio da produção de café para exportação se explica pela mineração no séc. XVIII, pois é apenas no fim desse século que vemos um "renascimento" agrícola no País, e durante esse período o açúcar ainda gozava da preferência dos agricultores. É somente com a "decadência das lavouras tradicionais" (cana-de-açúcar, algodão e tabaco), [que] vemos um "deslocamento da primazia econômica", do Nordeste para o Sudeste . Outro fator que estimulou a produção de café brasileiro foi a independência dos Estados Unidos que fez com que aquela crescente nação evitasse a todo custo comprar produtos da sua antiga metrópole (os principais produtores no séc XVIII eram as colônias asiáticas inglesas e holandesas).
A indústria cafeeira dependia do trabalho escravo e na primeira metade do séc. XIX 1.5 milhão de escravos foram importados para o Brasil a fim de suprir as necessidades das plantações no Sudeste. Com a proibição do tráfico externo em 1850, os cafeicultores passaram progressivamente a contar com mão-de-obra imigrante européia nas fazendas.[14]
Ciclo de 1857-68
Durante todo o séc. XIX a produção brasileira se deu num contexto de mercado livre, com os preços flutuando "sem apresentar qualquer tendência", sendo explicados em boa parte pelo movimento dos níveis gerais de preços, e mostrando um comportamento oscilatório devido a descompassos entre oferta e demanda[15] .
Em meados do século o Brasil já era o maior produtor mundial. Depois da Crise de 1857, os preços começam a subir graças à recuperação da demanda européia e a limitações na oferta graças aos estragos na lavoura provocados pela mariposa-do-café e pelo encarecimento da mão de obra escrava, principalmente no Rio de Janeiro. Adicionada à estabilidade cambial do período, os altos preços incentivaram a expansão das lavouras.
Oeste Velho e Novo Oeste Paulista
Foi na região do Vale do Paraíba que o café estabeleceu-se como forte produto da cadeia exportadora nacional, tornando o grão o principal produto exportado pelo país. Todavia, já nos idos de 1850, o esgotamento das áreas e a perda da fertilidade do solo, fez a produção expandir-se à região oeste do Rio de Janeiro, no Estado de São Paulo. As principais cidades dessa nova área de expansão foram Campinas, Limeira, Bragança Paulista e Amparo que, por muitos anos, foram as maiores produtoras nacionais. A denominação Oeste Velho advém dos fatos de tratar-se da primeira região expandida após o Vale do Paraíba paulista, bem como por conciliar estruturas agrário-sociais da área anterior com as das áreas paulistas mais à oeste. Conviveu com o trabalho escravo e do imigrante assalariado; seus fazendeiros possuíam uma mentalidade intermediária entre a Aristocracia cafeeira e a Burguesia do Café, a última predominante no Novo Oeste paulista, que tem na cidade de Ribeirão Preto sua maior exemplar.
Convênio de Taubaté
Durante o advento da República Velha, mais especificamente da "República Oligárquica", iniciada em 1894, o café já era o principal produto de comércio de exterior do país, garantido grande recebimento de divisas. Mas as dificuldades de comercialização, principalmente a partir da Crise de 1893 que atingiu severamente os Estados Unidos,um dos maiores consumidores, levaram a que fazendeiros e produtores recorressem à intervenção do governo federal, o que foi formalizada com o Convênio de Taubaté assinado em 1906 com os governadores de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Com essa medida, o governo federal passou a agir diretamente no mercado de café e assegurava o apoio político e financeiro dos governadores das regiões produtoras. Essa intervenção do Estado em prol de uma classe de produtores rurais, aumentou no país a "concentração de renda" [16] e atrasou o desenvolvimento de outros setores, como o industrial, além de adiar o fim do "ciclo do café", que ocorreria apenas com a Revolução de 30. Posteriormente, o plantio de café se expandiu para o norte do Paraná por volta dos anos 50.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Produ%C3%A7%C3%A3o_de_caf%C3%A9_no_Brasil