A cefaleia pode acabar com seu dia...


Dia 2 de Junho é o Dia Nacional de combate a cefaleia, doença que acomete grande número de pessoas. Mas qual é a diferença entre dor de cabeça e enxaqueca? E quais são os tipos de dor, os sintomas e tratamentos?

A enxaqueca e a dor de cabeça provocam diferentes sintomas e saber diferencia-los ajuda muito no tratamento. A enxaqueca acomete um lado da cabeça, provocando uma dor forte ou moderada, geralmente lateja, pulsa e pode provocar enjoo, vômito e até incomodo com a luz e barulho.

A pressão exercida por vasos sanguíneos dilatados no tecido nervoso cerebral subjacente provoca a enxaqueca e o tratamento envolve medicamentos vasoconstritores para aliviar esta pressão e também medidas relaxantes para prevenção das crises.

É importante não confundir os sintomas da enxaqueca com a cefaleia sentinela que está relacionada a lesões cerebrais como o AVC. Esse tipo de cefaleia tem por característica uma dor de cabeça insuportável e incapacitante que não melhora com medicação. É necessário procurar um pronto-socorro com urgência.

Já a dor de cabeça mais frequente, a tensional, é mais fraca e não acompanha sintomas como enjoos e vômitos e nem incômodo com luz e barulho. A causa desse tipo de dor é a contratura muscular na região cervical e de toda a musculatura pericraniana (os músculos que estão junto ao crânio). Os melhores tratamentos são relaxamento, fisioterapia, psicoterapia, ioga, acupuntura e exercícios físicos que previnem as crises assim como o uso de medicamentos.

Segundo a Sociedade Brasileira de Cefaleia, cerca de 38% a 74% dos brasileiros sofrem de cefaleia tensional. Ela pode ser episódica ou crônica (mais de 15 dias por mês). Ansiedade, tensão, nervosismo, irritabilidade e estresse são fatores que podem causar tanto a cefaleia tensional quanto a enxaqueca.

Se a dor de cabeça é frequente, deve ser evitado o uso de analgésicos, mas relaxantes musculares podem ser utilizados, assim como antidepressivos e também remédios neuromoduladores, estes somente com orientação médica.

Vale lembrar que a cefaleia tensional pode ser confundida com enxaqueca. E se a cefaleia tensional for frequente, as chances de sofrer com enxaqueca são maiores.

É preciso ficar atento ao que desencadeou a enxaqueca, alimentos que a pessoa ingeriu, atividades que participou e medicamentos que tomou, além do estresse e da ansiedade. Outros fatores que podem provocar dor de cabeça são ingestão de álcool, problemas oculares e sinusites.

Para o médico identificar qual a causa do problema é preciso realizar alguns exames. No caso de intolerância alimentar, existem exames de sangue capazes de demonstrar quais substâncias podem desencadear esse processo. Já na enxaqueca o diagnóstico é clínico, com exame físico e neurológico e em alguns casos de dor de cabeça muito forte, exames complementares como tomografia e ressonância. No caso da dor de cabeça tensional é possível perceber pontos doloridos nos músculos da região do pescoço e ombros. Quando a dor for provocada pela sinusite, a tomagrafia é o exame ideal para saber a localização e extensão do problema.

Outra forma de identificar o tipo de dor é pelos sintomas:

Enxaqueca – Dor intensa, acompanhada de náuseas, vômitos, sensibilidade excessiva à luz, ao som ou ao movimento. Sem tratamento, as crises podem durar de 2 a 4 dias.

Intolerância alimentar – Presença forte de gases, muito desconforto, diarreia, dor de cabeça, inchaço abdominal, secreção nasal.

Sinusite – Dores fortes na cabeça e nos seios da face, uma sensação de pressão no rosto, dor de cabeça latejante. Quando a sinusite se manifesta de forma aguda, ela pode causar até desmaios.

Cefaleia tensional – É uma forte dor que causa uma rigidez nos músculos do pescoço, causando muito desconforto, acomete também as costas e até o couro cabeludo.

Depois de feito o diagnóstico correto é só dar inicio ao tratamento receitado pelo médico. Evite sempre a automedicação.

Vale lembrar que levar uma vida saudável, praticar exercícios e relaxar são algumas dicas que evitam ajudam a evitar tensões e a dor de cabeça. Mas caso a dor insista em aparecer por mais de duas semanas é preciso procurar um especialista para averiguar as causas e iniciar um tratamento.

André Gustavo Lima
Neurologista especialista na prevenção do AVC. É membro da Academia Brasileira de Neurologia, membro do Departamento Científico de Doppler Transcraniano da Academia Brasileira de Neurologia,